Amizades | Quando seguimos caminhos diferentes...


Quando chega o dia em que sabem, com toda a certeza, que não vale a pena.
Ainda não percebi se esse dia é triste, ou simplesmente um alívio... O que sei é que, pelo menos, é um capitulo encerrado. Hoje falo de amizades, amizades que foram amizades, com todas as vogais e consoantes e que passaram a... "amizades".
Se há coisa normal nesta vida é que as pessoas "cresçam", sigam caminhos diferentes, novos gostos e interesses e que, com isso, também outras coisas se renovem, as amizades são uma delas. É óptimo manter amigos desde a infância, ainda tenho um ou dois, mas também é difícil quando os interesses e forma de ver a vida se afastam tanto. Não falo de distância física, falo de distância emocional... que acreditem, pode ser muito maior que qualquer quilómetro.
Em inglês, a expressão "grow apart" traduz exactamente este acontecimento:

Grow apart - "quando duas pessoas, numa relação próxima, se afastam uma da outra e, gradualmente, começam a ter uma relação menos próxima, normalmente porque deixam de partilhar os mesmos interesses ou de querer as mesmas coisas"

Foi o que aconteceu, gradualmente, quando comecei a perceber, após várias tentativas, que aquilo que me separava de uma grande amizade eram muito mais que alguns quilómetros. Eram os nossos interesses. Se eu preferia pôr a conversa em dia enquanto tomávamos um café num sitio em que fosse realmente possível conversar... a minha amizade preferia ir para uma discoteca até às 5 da manhã. Nada contra sair à noite ou ficar em discotecas até às 5 da manhã, mas para duas pessoas que chegam a estar meses sem se ver, creio que o primeiro "reencontro" seria melhor num local onde se pudesse realmente conversar e desfrutar da companhia do outro. 
Depois há as conversas... Quando chegamos a um ponto em que, 90% dos temas que conseguimos ter em comum é a nostalgia de outros tempos que ficaram presos no passado e, quando falamos do que nos apaixona no momento, percebemos que estamos em caminhos muito opostos... a vontade começa a ser menor a cada conversa. 
E assim foi evoluindo, uma perda de interesse mútua. No entanto, a perda total é quando percebemos que além do sentimento ser mútuo, o único contacto que resta é... por interesse, por conveniência. Se há coisa que detesto são as conveniências. E quando aquela pessoa que já nos foi tanto, nos contacta quase de 6 em 6 meses, não para saber como estás, mas para te perguntar algo do género como, que autocarro apanhar para chegar ao ponto x na cidade em que moras, ou quanto se paga pelos transportes de ponto b a z... nada mais é que triste. 
Não sei bem se é triste pela relação ter chegado a esse ponto, ou se é triste pela falta de noção. Se tem internet para me contactar com mensagens nas redes sociais, essa mesma internet serve para abrir o google e fazer uma pequena pesquisa. Não é difícil, aliás... eu mesma experimentei e, surpresa das surpresas, funcionou. Os últimos três contactos que mantivemos ao longo de dois anos, foram exactamente neste sentido, como se eu fosse algum tipo de posto de informações, sem sequer um "obrigado" no fim da conversa... Os últimos dois, foram num pequeno espaço de semanas, parvoíce minha, ainda respondi ao primeiro, mas quando duas ou três semanas depois, vejo a mesma situação a acontecer...finito. A paciência tem limites. Foi o que me bastou para perceber que aquela relação tinha, realmente, morrido. Não valia a pena, a distância já era demasiado grande e, para mim, a nostalgia dos velhos tempos não chega, nem vale a pena. Costuma dizer-se que há coisas que foram boas, mas que ficaram no passado. E assim foi, assim será... Será aquela fase que, daqui a uns anos, comentarei com os meus filhos, as coisas divertidas que fizemos, as aventuras e sorrisos que partilhámos e, acima de tudo, as lições que aprendemos... que eu, pelo menos, aprendi. E vou recordar-te com um sorriso, talvez até me emocione, mas será só isso, recordações e nostalgia. 

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